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Redes biodegradáveis: resistência e durabilidade

2022/04/07

E-Redes NI

Projeto E-Redes - combate ao lixo marinho


No âmbito da implementação do projeto E-Redes, promovido pelo Município de Esposende, em parceria com a Empresa Municipal Esposende Ambiente, a Universidade do Minho e a Associação de Defesa do Ambiente - Rio Neiva, que visa fomentar o uso de redes biodegradáveis como ferramenta de promoção da sustentabilidade, a Universidade do Minho procedeu a ensaios laboratoriais para avaliar a sua resistência mecânica e a sua biodegradabilidade. A evolução dos ensaios pode observar-se aqui: https://youtu.be/S2rR2Wc5zkA.

Para avaliar o potencial da resina biodegradável selecionada (PBSAT) como alternativa ao fio de nylon ou outros para a produção de redes de pesca biodegradáveis, foram realizados, pela Universidade do Minho, diferentes ensaios laboratoriais relacionados com a sua resistência mecânica e biodegradabilidade. Os resultados são promissores, uma vez que parece haver um equilíbrio adequado entre a resistência mecânica esperada e a biodegradação do PBSAT, em ambiente marinho.
A introdução de materiais biodegradáveis na indústria pesqueira é promissora, considerando a importância de se reduzirem os impactos negativos decorrentes da atividade piscatória, como a poluição marinha e a pesca fantasma, provenientes de artes da pesca com materiais tradicionais usualmente descartadas ou perdidas durante a atividade. A implementação de novas soluções mais adaptadas ao contexto marinho e a consequente proteção das espécies marinhas é cada vez mais urgente e imprescindível, considerando que a vida marinha está relacionada com diversos serviços dos ecossistemas ao nível ambiental, social e económico.
Para estudar a resistência mecânica do PBSAT realizaram-se ensaios de tração a dezenas de malhas da rede fabricadas com este material, antes e depois de serem usadas em campanhas de pesca experimental. Os resultados indicam alguma variabilidade da resistência após a utilização e exposição do material a condições adversas e marítimas sem, no entanto, comprometer a eficiência mecânica, mostrando-se favorável para o caso de estudo. Os processos de avaliação da degradação mecânica e biológica em laboratório foram realizados através de diferentes ensaios, incluindo a caracterização por microscopia eletrónica de varrimento, que permitiu avaliar a morfologia da superfície e a composição química do material. Foi, ainda, realizado o ensaio de biodegradabilidade em laboratório, através da medição da evolução do oxigénio dissolvido na água do mar (BOD), que permite essencialmente estudar os processos de biodegradação do material por organismos aeróbicos, em condições marinhas.
O material, para os diferentes diâmetros do monofilamento, apresentou diferentes sinais de degradação tais como laminação, abrasão mecânica, variação da geometria da secção e redução do diâmetro do monofilamento. No que se refere ao ensaio de BOD os resultados mostraram uma diminuição do oxigénio dissolvido na amostra e, por isso, um potencial indicador positivo de biodegradabilidade em ambiente marinho. In situ, estão também em curso outros ensaios destinados a estudar o comportamento mecânico e de biodegradação a longo prazo em condições reais, que decorrerão durante pelo menos dois anos, o tempo necessário para que o material se biodegrade. Para isso, análises de microscopia eletrónica de varrimento, resistência mecânica e perda de massa são periodicamente realizadas de modo avaliar a evolução do material com o tempo de exposição às condições reais de utilização.
A nossa relação com atividade piscatória já é bastante ancestral, encontrando-se os primeiros registos do uso de redes de pesca em 8300 anos a.c. Desde então, vários foram os materiais utilizados na produção de redes de pesca, desde os materiais naturais como o algodão, a seda, a lã e o cânhamo, aos plásticos, como o nylon. O nylon tem sido o mais utilizado desde meados dos anos 40 do século passado, devido à sua elevada durabilidade e eficiência pesqueira. No entanto, o nylon é um material que apresenta elevada resistência à degradação e, mesmo quando degradado, contribui para o problema da proliferação de microplásticos, continuando a apresentar sérios riscos ambientais, sociais, mas também económicos.
Por esta via, o Município de Esposende, está a contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, nomeadamente no que se refere ao ODS 12 – Produção e Consumo Sustentáveis, ODS14 – Proteger a Vida Marinha, e ODS 17 – Parcerias para a Implementação dos Objetivos de Sustentabilidade.