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Esquiços

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Tal como Alberto Carneiro refere, o texto constrói-se como um desenho numa procura incessante como o esquiço de se revelar no papel, e este movimento vai no sentido de se encontrar o pensamento do seu criador. O afloramento da linha nasce no universo das sinapses e desce na ponta do dedo exprimindo-se livremente no mundo da folha branca, seguindo a meditação. Os universos são diferentes, como nos revela ainda Alberto Carneiro, quer da literatura, quer do desenho, mas não deixam de convergir para um ponto comum da reflexão que se manifesta como o vulcão e as consequências são de várias ordens.

Nestas circunstâncias, procuramos uma participação entre estes dois mundos no cosmos específico de Viana de Lima. O desenho é a revelação cândida do gesto que se agita numa circulação assimétrica num permanente parto de imagens na espera do nascimento da ideia do projecto.

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O desenho da arquitectura é um mundo de revelações onde nasce a gramática da composição da sua forma. Funciona como um conjunto de princípios e regras elementares que permitem conhecer e compreender a ideia que se materializa no projecto e depois na obra.

A imagem que aflora na folha persegue a ideia, num deleite, num prazer espaçado no tempo, entre a busca da fantasia que se esconde e brota intermitentemente. As formas vão ganhando escala e monopolizam a ideia, começando o jogo de influências. Agora já não depende das descargas dos curto-circuitos energéticos do movimento das sinapses, mas de uma interacção entre essa energia e as formas que povoam as quatro linhas do papel. O ADN do autor está lançado num perpétuo desenvolvimento progressivo, mais ou menos codificado, encriptado num mar de traços, as figuras inovadas que se soltam e se autonomizam, ganhando o volume virtual necessário para satisfazerem/galardoarem o ego que caça a ideia.
O desfecho dá-se quando, após as sucessivas transformações e ajustes à ideia satisfazem o autor e este sente que o seu projecto está finalizado.

No fim, os dois partem, cada um para o seu lado, o desenho alcança a insígnia da poética plástica da expressão, mas é silenciada no arquivo. O projecto materializa-se na forma da obra e passa a perturbar a paisagem de onde nunca partiu, porque sempre lá permaneceu na visão do seu criador.

Este texto tem a pretensão ou uma aspiração a um apontamento em jeito de escrita sobre os desenhos que foram galardoados com a obra para ser lida por todos