Município edita livro e promove exposição sobre o arquiteto Viana de Lima
“Respeitamos e valorizamos o nosso passado”, afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Esposende, esta tarde, na sessão de apresentação do livro “Viana de Lima e a influência do Movimento Moderno na arquitetura portuguesa” e de inauguração da exposição alusiva à obra do arquiteto, designada “Memento, Momento”. A iniciativa constituiu um segundo momento de um programa evocativo dedicado à vida e obra do arquiteto esposendense Viana de Lima, que incluiu, no período da manhã, a entrega dos Prémios Viana de Lima, distinguindo os melhores alunos do ano letivo 2015/2016 das Faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da Universidade do Porto.
Benjamim Pereira deixou claro que a cultura é uma área que merece a maior atenção do Município que, apesar da sua dimensão, regista uma atividade cultural assinalável a vários níveis, desde a música à arqueologia, sem descurar o património imaterial. “Apesar da nossa dimensão, estamos ao nível do que melhor se faz no país em termos culturais”, afirmou.
Sobre o livro agora apresentado o Presidente da Câmara Municipal referiu que, reconhecendo o interesse deste trabalho, se disponibilizou desde a primeira hora para trazer a público esta edição, na qual o arquiteto Paulo Guerreiro aborda a obra de Viana de Lima, considerando que é uma publicação que ajuda a conhecer o trabalho do arquiteto Esposendense.
Perante a vasta assistência presente, reiterou os elogios aos jovens hoje premiados ao nível da Arquitetura e das Belas Artes, considerando que “o futuro está garantido com jovens deste valor”. Terminou com agradecimentos à equipa municipal da cultura, felicitando-os pelo trabalho que têm vindo a desenvolver.
A apresentação do livro esteve a cargo de João Paulo Rapagão, em representação da Ordem dos Arquitetos, que louvou a iniciativa da Câmara Municipal de evocar a memória do arquiteto esposendense, de renome mundial, considerando que vai criar um “novo foco sobre a figura de Viana de Lima, trazendo-o para o lugar que lhe é devido”. João Paulo Rapagão fez uma abordagem sobre a vida e obra do arquiteto Esposendense, que considerou o expoente máximo do início do movimento moderno em Portugal, e terminou enaltecendo a Câmara Municipal de Esposende pela estratégia adotada relativamente à Casa das Marinhas, da autoria de Viana de Lima.
Paulo Guerreiro, autor do livro “Viana de Lima e a influência do Movimento Moderno na arquitetura portuguesa”, agradeceu ao Presidente Benjamim Pereira a abertura manifestada para a publicação desta edição, onde apresenta “uma ínfima parte do trabalho de Viana de Lima” e que procura dar a conhecer a sua obra, numa viagem pela sua personalidade e pelas respetivas influências do meio e dos fatores sociais, históricos e políticos do País e do Mundo da época.
Relativamente à exposição, patente no Museu Municipal, explicou a escolha do nome que a designa: “Memento, como processo síntese onde se resume uma parte da obra do arquiteto ou apontamento em modo de lembrete do que se tem que fazer. O Momento são espaços de tempo que foram materializados traduzidos em arquitetura. O Momento que aglutina o tempo e que se materializa na forma. A exposição apresenta alguns mecanismos de tradução, interpretação onde as peças de arquitetura são pedaços de tempo que se transportam nas entranhas dos edifícios”.
A exposição encontra-se dividida em duas partes, onde a arquitetura de Viana de Lima aporta a uma dimensão oculta instigada pelo renascimento e os traçados áureos de Vitrúvio, para depois passar pelo Modulor de Le Corbusier. Assim, numa primeira parte, o arquiteto Esposendense é dominado pelo processo de desenho clássico das proporções que dominam a sua ideologia até aos meados do século XX. Neste período Viana de Lima não é alheio aos métodos do Arq. Marques da Silva e à componente operativa do Arq. Rogério de Azevedo na Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais. Numa segunda parte, é abordada a interceção com o Movimento Modernista Europeu que foi o ingrediente explosivo de uma “supernova” que desponta no panorama da arquitetura portuguesa, entre correntes ideológicas contraditórias do Estado Novo. O sistema de medida do Modulor vai marcar presença nas obras de Viana de Lima depois dos anos 50. As figuras internacionais da arquitetura mundial como Le Corbusier, Walter Gropius, Alvar Aalto, Mies Van Der Rohe, Luis Sert e Oscar Niemayer com quem colaborou, também foram uma inspiração/ influência.
O programa evocativo de Viana de Lima integra, ainda, a iniciativa “Cas’Aberta”, uma oportunidade de descobrir a Casa das Marinhas, através de visitas livres às sextas-feiras, das 14h00 às 17h00, ou orientadas. Para as crianças e jovens entre os 6 e os 12 anos, é lançado o desafio, partindo da visita orientada à Casa das Marinhas, para construir uma maqueta, sendo que ambas as atividades carecem de marcação prévia.