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Município de Esposende cria “Roteiro da Arquitetura Modernista”

2017/03/28

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Tendo por cenário a Casa das Marinhas, ícone da arquitetura nacional da autoria do arquiteto Viana de Lima, o Município de Esposende procedeu hoje à apresentação do “Roteiro da Arquitetura Modernista”.

O roteiro propõe uma viagem por 18 exemplares arquitetónicos do concelho de Esposende, localizados em Marinhas, Esposende e na Vila de Fão, construídos entre os anos 40 e 70 do século XX, da autoria de dois engenheiros e doze arquitetos.

Integram esta rota, obras de técnicos conceituados, nomeadamente o engenheiro Jorge Viana, com duas moradias unifamiliares na travessa do Pinhal da Foz, o arquiteto Viana de Lima, com nove moradias na avenida Eng. Eduardo Arantes e Oliveira, a Casa das Marinhas e uma moradia em Ofir, o arquiteto Alfredo Magalhães, com um projeto de apartamentos em Ofir, os arquitetos Rogério Martins e João Andresen, com uma moradia familiar em Ofir, o arquiteto Fernando Távora, com uma moradia em Ofir, o arquiteto Arménio Losa, com uma moradia unifamiliar em Marinhas, o arquiteto Sérgio Fernandes, com uma moradia em Suave Mar, o arquiteto Júlio Oliveira, com a estalagem de Ofir, o engenheiro Eduardo Martins, com uma moradia em Suave Mar, o arquiteto Alcino Soutinho, com moradias em Suave Mar e Ofir, os arquitetos Pádua Ramos e Carlos Loureiro, com uma moradia em Suave Mar, o arquiteto Octávio Filgueiras, com duas moradias em Suave Mar, e o arquiteto Pádua Ramos, com uma moradia em Fão.

Para além de um mapa de bolso ilustrativo de todas as construções, com o respetivo QR Code, o roteiro inclui também uma aplicação para smartphones, que apresenta a particularidade de permitir ver o modelo original em 3D, em todos os ângulos, permitindo uma “visita” virtual muito próxima da realidade.

O roteiro divide-se em três momentos que marcaram a sociedade portuguesa e que se declararam na arquitetura esposendense. O primeiro diz respeito ao período do Estado Novo, em que a arquitetura portuguesa foi influenciada por Raul Lino (1879/1974), arquiteto defensor da essência da casa portuguesa e ideólogo do “português suave”. O carácter deste movimento combinava elementos de composição da arquitetura manuelina do século XVI/XVII e princípios do XVIII, associando elementos da arquitetura popular portuguesa ajustada a cada província de norte a sul. Deste período há dois exemplares no roteiro.

Intercetada pela ação anterior do aportuguesamento da arquitetura portuguesa, surge uma geração de arquitetos recém-formados ou em formação que sofre interferência do movimento modernista europeu que nasce entre as duas Guerras Mundiais. Este processo vai inspirar os jovens arquitetos portugueses que vão produzir obras formalmente assumidas e desprovidas dos elementos de composição do passado ecléticos ou classicizante. Enquadram-se no segundo momento do roteiro seis edificações.

Por fim, a fricção entre os dois processos anteriores vai originar algum mal-estar no seio da arquitetura portuguesa. Há apologistas do passado, associado ao sistema político musculado e, do lado oposto, a nova geração dos arquitetos que airosamente conseguem convencer os primeiros a realizar um inquérito à arquitetura popular portuguesa. Foi realizado o levantamento nacional e publicado no início dos anos 60, trabalho que passa a ser um documento doutrinal para o renascimento da arquitetura portuguesa. Dez casas deste terceiro momento estão incluídas neste roteiro.

“Queremos cultivar um turismo diferente” assumiu o Presidente da Câmara Municipal a propósito deste roteiro que o Município disponibiliza a partir de agora, salientando a riqueza arquitetónica das edificações que integram este circuito, fruto do arrojo e inovação de um conjunto de arquitetos “que mudaram o rumo da arquitetura do país”. Benjamim Pereira acredita que estão criadas as condições para Esposende cativar turistas que valorizam o património e não tem dúvidas de que a economia do concelho ficará a ganhar.

A propósito da aplicação que permite dar a conhecer o património arquitetónico concelhio, Benjamim Pereira considerou que “é uma forma particular de preservar o património, através das novas tecnologias”, até porque evita a “visitação em massa”.