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Município editou livro sobre «40 anos do Poder Local em Esposende»

28 Abril 2014

Os 40 anos do 25 de abril foram assinalados em Esposende numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal. O programa comemorativo integrou a abertura de uma exposição e a apresentação de um livro alusivos os “40 anos do Poder Local em Esposende”,e a realização de uma Assembleia Municipal Comemorativa.

Os 40 anos do 25 de abril foram assinalados em Esposende numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal. O programa comemorativo integrou a abertura de uma exposição e a apresentação de um livro alusivos os “40 anos do Poder Local em Esposende”, na manhã do dia 25 de abril, no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, e a realização de uma Assembleia Municipal Comemorativa, de tarde, no Auditório Municipal de Esposende.

O programa da manhã iniciou-se com a abertura da exposição “40 anos do Poder Local em Esposende”, que integra um conjunto de documentação alusiva às eleições autárquicas concelhias desde o 25 de abril até à atualidade, resultado do trabalho e da pesquisa do historiador e investigador esposendense Albino Penteado Neiva. Na ocasião, o também deputado municipal do PSD anunciou a intenção de ceder esse acervo ao Município, sublinhando que se trata de documentação que não consta dos arquivos locais nem nacionais.

Seguiu-se a apresentação do livro “40 anos do Poder Local em Esposende - Promessas e Picardias”, da autoria de Manuel Albino Penteado. A publicação explora as vivências políticas de Esposende ao longo das últimas quatro décadas, enfatizando os momentos próprios de uma eleição local, trazendo à memória as promessas e picardias usadas pelos diferentes atores políticos. Para o efeito, o autor “completamente despido do símbolo partidário”, como fez questão de frisar, compilou e estudou diversa documentação, como programas eleitorais, cartas abertas, comunicados, respostas ou mesmo os pasquins, distribuídos de forma clandestina, de caráter jocoso e satírico ou difamatório, procurando fazer uma reconstituição, o mais fiel possível, da história da vida democrática esposendense durante este período.

Penteado Neiva agradeceu à Câmara Municipal a publicação deste trabalho que, conforme assinalou, reflete 40 anos da vida sociopolítica do concelho e pretende relembrar aos mais velhos e mostrar aos mais novos como decorreram as várias campanhas eleitorais autárquicas, como se comportavam os candidatos face aos seus opositores, quem se apresentava ao eleitorado e com que “armas” e, ainda, como se orientavam os discursos políticos.

Na sua intervenção e em jeito de reflexão, o autor lançou algumas interrogações pertinentes sobre os ideais da Revolução, entre as quais a questão da Democracia Participativa, considerando que a “participação dos cidadãos na vida democrática se esgota, infelizmente, no momento de votar”, não obstante terem ocorrido alguns avanços.

O Presidente da Assembleia Municipal realçou a importância da comemoração dos 40 anos do Poder Local, considerando que “é uma homenagem a todos os homens e mulheres que contribuíram para que os ideais de abril vingassem no concelho”. Agostinho Silva referiu que a efeméride constitui também uma “oportunidade para relembrar pessoas que já não estão entre nós, mas que deram o seu contributo em prol do bem comum” e defendeu que a exposição “40 anos do Poder Local em Esposende” seja apresentada às crianças e aos jovens para que possam ficar a conhecer esta vertente e este período da História do concelho.

Por seu lado, o Presidente da Câmara Municipal elogiou o trabalho realizado por Albino Penteado Neiva, a quem agradeceu a cedência ao Município do espólio relativo às eleições autárquicas concelhias, e saudou o envolvimento da Assembleia Municipal na comemoração dos 40 anos do 25 de abril e do Poder Local. Benjamim Pereira clarificou que a exposição será divulgada em todo o concelho, proporcionando que toda a população possa “olhar para trás e ver o trabalho de quem nos antecedeu”.

Em jeito de análise sobre a Revolução dos Cravos, o Autarca referiu que “o mais importante não é o que aconteceu naquele dia, mas o que daí resultou, as mudanças que se operaram no país e na sociedade”, realçando a passagem para um regime em que os cidadãos passaram a eleger os seus governantes. Benjamim Pereira reconhece que a este nível nem tudo correu bem, mas vincou que o eleitorado não está isento de responsabilidades na medida em que os governos são resultado das suas escolhas, e salientou a importância do Poder Local, notando que “na sua génese, os partidos querem o melhor para as pessoas”.

Questionando o sentido da liberdade resultante do 25 de abril, o Presidente da Câmara Municipal debruçou-se sobre um conjunto de questões, entre as quais a liberdade de expressão e o sentido crítico dos cidadãos, considerando que é fundamental possuir “boa formação moral” para fazer bom uso da liberdade.

Realçando que uma das conquistas do 25 de abril foi o direito de voto e lembrando que a 25 de maio decorrerão as Eleições Europeias, Benjamim Pereira exortou a população ao “exercício pleno da democracia como corolário dos direitos alcançados na revolução”, apelo que repetiu na Assembleia Municipal Comemorativa, que decorreu no período da tarde.

A sessão iniciou com um momento musical protagonizado pelo Ensemble Vocalis, que, para além de alguns temas de abril, entoou o Hino Nacional, acompanhado pelo coro dos presentes, num momento solene marcante.

Seguiu-se a Conferência “A Infância de abril 40 anos da Tomada da Palavra”, pelo Prof. Álvaro Campelo, na qual o orador abordou o antes e o pós revolução, as mudanças ocorridas no país, nomeadamente as conquistas alcançadas, debruçando-se ainda sobre a conjuntura atual. Considerando que “ainda estamos na infância da revolução”, Álvaro Campelo afirmou que “abril cumpre-se ainda hoje e irá cumprir-se no futuro”.

À intervenção do Presidente da Assembleia Municipal, Agostinho Silva, seguiram-se as dos representantes de cada um dos partidos com representação neste órgão, nomeadamente de Manuel Carvoeiro pela CDU, Artur Viana pelo CDS/PP, Luís Sá e Melo pelo PS e Penteado Neiva pelo PSD, numa análise às quatro décadas decorridas após a Revolução dos Cravos.

A encerrar a sessão usou da palavra o Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, que concluiu que “todos os partidos aqui presentes comungam da revolução e dos ideais do 25 de abril”, manifestando, por outro lado, a sua concordância e abertura a uma democracia participativa.

Afirmando que “40 anos de ditadura deixam marcas”, o Presidente apontou o dedo aos “pequenos ditadores” criticando o “apego ao poder”, afirmando que “são a parte que devemos expurgar da política, que deve ser a mais nobre das atividades”. Foi mais longe nas críticas responsabilizando “os políticos que temos tido nos sucessivos governos e autarquias” pela crise que se verifica ao nível da democracia e dos partidos políticos e pelos níveis de abstenção eleitoral.

Lançando um olhar sobre a atual situação socioeconómica do país, Benjamim Pereira afirmou que “os ideais de abril não foram integralmente cumpridos”, defendendo que “o 25 de abril deve ser reinventado ano após ano”. Apontando a revolução como “o 1.º degrau da democracia”, Benjamim Pereira disse que “é preciso continuar a subir a escada”, com respeito, responsabilidade, com maior liberdade e uma maior participação dos cidadãos no processo democrático. Embora reconhecendo que há dificuldades a ultrapassar, o Autarca disse acreditar na juventude e cada vez mais no papel das mulheres na sociedade para construir um futuro melhor.

Na sua intervenção, o Presidente da Câmara Municipal destacou que o Poder Local foi uma das grandes conquistas de abril, “que contribuiu para a melhoria das condições de vida das populações e trouxe desenvolvimento”, acrescentando que “continuará a ser das formas mais dignas de estar ao serviço das populações”.

Em dia festivo, Benjamim Pereira quis passar uma mensagem positiva, lembrando que com o fim do resgate financeiro “estamos na iminência de iniciar um novo rumo para Portugal”. Socorrendo-se de um conjunto de suposições manifestou esperança num país melhor e mais justo e voltou a apelar ao voto nas Eleições Europeias.

Terminou a intervenção com agradecimentos ao conferencista Álvaro Campelo e ao Ensemble Vocalis, bem como ao Presidente da Assembleia Municipal e demais membros por se terem associado ao Município na celebração dos 40 anos do 25 de abril.